Muitos têm vontade de estudar fora do Brasil, mais precisamente aqui nos Estados Unidos. Mas… Será que você está preparado pra encarar as dores e delícias de morar, estudar e trabalhar aqui?
Se você está vindo com tudo pago pela família, legal. Mas a intenção aqui é expor a realidade de quem vem ralar por um futuro e, da família, recebe pouco ou apenas aquele apoio moral – quando recebe!
Convidei a Luciene {que foi minha roommate em 2010/2011} para dar seu depoimento real sobre estudar aqui. Eu acompanhei ela de perto por 10 meses, e sou testemunha de seu esforço {e que esforço!} e perseverança.
Aqui vai:
Em 2006 decidi embarcar em uma experiência nos Estados Unidos com a intenção de aprimorar o inglês e vivenciar uma cultura diferente. Ao concluir o programa de Au Pair após um ano, decidi aplicar para um visto de estudante e dar início aos estudos acadêmicos já que eu não tinha formação superior no Brasil. Era um sonho obter um diploma de uma universidade norte-americana, mas realizá-lo foi muito mais difícil do que eu imaginava. Financiar os estudos nos Estados Unidos é muito complexo como um estrangeiro, pois independentemente do estado, o ensino custa em média três vezes mais do que custaria para um residente do estado. Sendo assim, um nova-iorquino ou um brasileiro pagariam o triplo estudando, por exemplo, na Carolina do Norte. Mas este nova-iorquino teria a opção de estudar em seu próprio estado e por um valor mais acessível. Já os estudantes internacionais não têm essa opção. Além disso, assistência financeira através de bolsas e outros fundos é extremamente limitada para estes estudantes, e os empréstimos do governo federal são somente para os cidadãos estadunidenses. Para entrar na universidade, além do visto, são necessários vários documentos, como por exemplo testes que comprovam proficiência na língua inglesa, históricos escolares, e evidência de recursos financeiros suficientes para cobrirem os custos relacionados não só ao ensino como também gastos anuais com alimentação, moradia, livros, convênio médico e transporte. No meu caso, como não tinha o dinheiro, fui em busca de um fiador, que não foi fácil encontrar, afinal de contas, essa pessoa deveria ter no mínimo 36 mil dólares em sua conta. E a cada vez que se renova o I-20 (documento que comprova status legal de estudante), esses comprovantes de suficiência financeira são requeridos.
Além dos estudos serem caros, o estrangeiro com visto de estudante tem permissão para trabalhar somente 20 horas semanais dentro do campus. Mas enquanto eu estive nos Estados Unidos – não vou mentir – também trabalhei fora da universidade, e trabalhei MUITO! Fui babá, garçonete, bartender e intérprete. Eu precisava de empregos com flexibilidade de horários, que fossem de preferência à tarde e à noite e que meus turnos pudessem ser transferidos para outras pessoas quando eu precisasse de tempo para estudar. Com esses trabalhos eu tinha que me manter, pagar aluguel, transporte, alimentação, comprar roupas, materiais e ainda pagar as mensalidades exorbitantes. Muitas vezes tive que pedir dinheiro emprestado ou pedir a ajuda dos meus pais para conseguir pagar a última parcela de cada semestre, pois qualquer pendência bloquearia minha inscrição nas aulas do próximo semestre. Eu fazia tudo o que eu podia para garantir os estudos e mesmo sabendo que assistência financeira da universidade era limitada, eu aplicava para as bolsas disponíveis. Graças ao meu ótimo desempenho acadêmico, fui selecionada para ganhar três bolsas no penúltimo ano, que totalizaram quase 6 mil dólares.
Eu levava uma vida muito corrida e sem muita qualidade, pois estudava e trabalhava demais e tinha pouco tempo e dinheiro para me divertir. Eu queria fazer valer a pena já que estava conseguindo frequentar uma universidade americana, por isso, me dedicava muito aos estudos, passava noites em claro estudando para as provas ou fazendo trabalhos. Eu tinha que aproveitar cada segundo que eu tinha para estudar, pois o trabalho também consumia muito o meu tempo.
Apesar de todo o sofrimento, foi uma experiência incrível! Tive a chance de conhecer, estudar e conviver com pessoas de diversas nacionalidades. Trabalhei no departamento de programas internacionais de educação dentro do campus, e também tive a oportunidade de ser representante de todos os estudantes internacionais através do Comitê de Assessoria a Programas Internacionais da Universidade da Carolina do Norte. Recebi convites para ser membro de duas sociedades internacionais de menção honrosa como mérito por excelência acadêmica. Além disso, adquiri muito conhecimento através de ótimos docentes e mentores e pude vivenciar o sistema de educação superior dos Estados Unidos, que é bem diferente do modelo brasileiro.
Iniciei meus estudos em Maryland, em um Community College que é o tipo de instituição que oferece cursos superiores de curta duração e o ensino é um pouco mais barato do que nas universidades de curso superior com duração de quatro anos. Quando concluí essa etapa, transferi meus créditos para a Universidade da Carolina do Norte em Wilmington, onde finalizei os estudos em Administração com linha de formação específica em Negócios Internacionais. Após nove anos nos Estados Unidos retornei ao Brasil. Hoje trabalho em uma empresa australiana-brasileira no interior de São Paulo, mas tenho um projeto para abrir uma empresa própria no próximo ano e também pretendo fazer pós graduação em gestão empresarial.
Gostaria de deixar aqui registrada minha gratidão à Lu {saudades, roommie!} por ter escrito esse artigo, que eu espero que chegue aos olhos daqueles que pensam em estudar no exterior – não é fácil, mas é gratificante! 😉
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Xo,
Belle Azevedo.
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